Mirassol vence Ceará por 3 a 0 e garante Libertadores; Vozão luta contra rebaixamento

Na noite de segunda-feira, 24 de novembro de 2025, o Mirassol Futebol Clube liquidou as esperanças do Ceará Sporting Club com uma vitória esmagadora por 3 a 0 no Estádio José Maria de Campos Maia, em Mirassol, São Paulo. O jogo, válido pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro Série AMirassol, não só selou a classificação do time paulista para a Copa Libertadores, como também jogou na lama as chances do Vozão de garantir a permanência na elite do futebol brasileiro. O placar foi construído por Negueba, Reinaldo e Alesson — todos marcadores decisivos em uma noite em que o Mirassol jogou com a tranquilidade de quem já havia conquistado seu objetivo. O Ceará, por outro lado, entrou em campo com a necessidade de pelo menos um empate para se aproximar dos 45 pontos, o mínimo considerado seguro para evitar o rebaixamento. Não conseguiu nem um ponto.

Um dia que mudou o destino de dois clubes

O Mirassol, que já havia assegurado vaga na Libertadores antes da rodada, não precisava de mais nada. Mas jogou com fome. Não por ambição, mas por respeito ao torcedor. O técnico Luís Carlos Ferreira montou um time equilibrado, com defesa compacta e contra-ataques rápidos. E foi nos erros do Ceará que a vantagem se transformou em domínio. O primeiro gol, aos 18 minutos do primeiro tempo, veio de um cruzamento de Lucas Mugni — o mesmo que, minutos depois, foi derrubado na área, mas o árbitro não marcou pênalti. Negueba, de cabeça, aproveitou o rebote e abriu o placar. O gol foi celebrado com lágrimas no banco de reservas. Ninguém esperava que o Mirassol, time que há dois anos lutava contra o rebaixamento na Série B, estaria agora classificado para a principal competição continental da América do Sul.

O que faltou ao Ceará?

O Ceará, apesar de ter tido mais posse de bola — 58% segundo dados da Globo Esporte —, foi ineficiente. Marcou 12 finalizações, mas apenas três foram direto ao gol. O zagueiro Marcos Víor, que havia assustado no primeiro tempo com um cabeceio que passou por cima da trave, voltou a tentar na segunda etapa. Mas, em vez de empatar, acabou desperdiçando uma chance clara de cabeça, quando o goleiro Walter — o arqueiro do Mirassol — fez a defesa com a ponta dos dedos. A frustração foi visível. O lateral Mateus Bahia tentou o cruzamento da direita, mas a bola sobrou para José Aldo, de número 21, que chutou sem direção. O que parecia um time com fome de pontos virou um time com fome de esperança.

“O Ceará tá bem aqui agora, conseguindo chegar, conseguindo incomodar o time do Mirassol”, disse o narrador Jota Rômulo no minuto 764 da transmissão da Jogada. Mas incomodar não é suficiente. E quando o segundo gol saiu — aos 32 minutos, de Reinaldo, em cobrança de falta direta que desviou na barreira —, o clima no estádio mudou. O público do Mirassol começou a cantar “Libertadores! Libertadores!”. O Ceará, por sua vez, perdeu a cabeça. Substituiu dois jogadores ofensivos por zagueiros, mas já era tarde.

A noite dos heróis esquecidos

Enquanto o mundo foca nos gols, poucos lembram do trabalho silencioso. Alesson, o terceiro artilheiro da noite, não era titular. Entrou aos 65 minutos e, aos 87, aproveitou um erro de marcação na defesa cearense para finalizar com calma. Foi o gol da certeza. O time do Mirassol não era o mais bonito, mas era o mais organizado. O volante Lian Machado cortou 17 passes na área, e o lateral William Machado fez mais de 20 recuperações de bola. O técnico Luís Carlos Ferreira fez um trabalho de engenharia tática: transformou um time que jogava com medo em um time que jogava com propósito.

A transmissão da Jogada — que chegou a 82 mil visualizações no YouTube em menos de 24 horas — foi conduzida com precisão por Jota Rômulo (narrador), Wilton Bezerra (comentarista) e Samuel Conrado (reportagem). A equipe de áudio, comandada por Samuel Macêdo, garantiu que cada gritaria, cada silêncio após um erro, fosse captado com clareza. A cobertura foi ampliada pela Verdinha FM 92.5, que transmitiu o jogo ao vivo para o interior de São Paulo, e pela Premiere, que disponibilizou o jogo em todas as regiões do Brasil, inclusive nas áreas mais remotas do Norte e do Centro-Oeste.

Consequências que vão além do placar

Com a derrota, o Ceará fica com 43 pontos — dois a menos do que o mínimo necessário para garantir a permanência. Restam apenas três rodadas. E o time tem pela frente adversários diretos: Coritiba (fora), Chapecoense (em casa) e Botafogo (fora). O técnico Leandro Galindo já admitiu: “Não temos margem para erros. Cada ponto vale uma vida”. O Vozão, que chegou a liderar a tabela em setembro, agora vive o pesadelo da queda. O torcedor, que ainda sonhava com uma campanha histórica, agora só pede por um empate contra o Coritiba, na próxima sexta-feira.

Já o Mirassol, que entrou na rodada como o 7º colocado, subiu para o 6º lugar — e com isso, garantiu vaga direta na fase de grupos da Libertadores. É a primeira vez na história do clube, fundado em 1925, que o time disputa a principal competição da América do Sul. A diretoria já anunciou que vai reforçar o elenco para a pré-temporada. O presidente Paulo César de Oliveira disse em coletiva: “Isso aqui não é sorte. É trabalho. E vamos continuar trabalhando”.

As estatísticas que não aparecem no placar

- Mirassol: 13 finalizações, 5 no alvo, 62% de posse de bola, 18 escanteios - Ceará: 12 finalizações, 3 no alvo, 58% de posse, 4 escanteios - 17 desarmes por parte do Mirassol, contra 11 do Ceará - 4 erros de marcação do Ceará, todos convertidos em gols pelo Mirassol - 10 jogadores do Mirassol com mais de 90% de acerto nos passes O jogo foi um exemplo de como a organização vence o talento solitário. O Ceará teve jogadores individuais melhores — Marcos Víor, Mateus Bahia — mas não tinha sistema. O Mirassol tinha sistema, e isso bastou.