Clássico brasileiro em mata-mata sempre liga o alerta. Flamengo e Internacional abriram a fase de oitavas com um 1 a 0 rubro-negro que deixou a decisão no fio da navalha. Ao mesmo tempo, o Palmeiras sobrou com um 4 a 0 sobre o Universitario e botou um pé e meio nas quartas. Entre empates sem gols, vitórias magras e uma goleada solitária, a fotografia da rodada de ida mostra equilíbrio, nervos à flor da pele e muita coisa para se resolver na semana da volta.
O sorteio, realizado na sede da CONMEBOL em Luque (Paraguai), montou oito duelos que reúnem clubes de sete países. Brasil tem o maior bloco (cinco), Argentina vem logo atrás (quatro). Paraguai mantém dois representantes, e Peru, Equador, Colômbia e Uruguai aparecem com um time cada. A Copa Libertadores 2025 retoma seus mata-matas principais após o Mundial de Clubes nos Estados Unidos, com a volta marcada para 19 a 21 de agosto. A final, jogo único, será em Lima, no dia 29 de novembro, ainda sem estádio confirmado.
Confrontos e placares de ida
Ida com cara de Libertadores: jogos travados, muita disputa física e margens mínimas. Só o Palmeiras disparou. Veja como ficou duelo a duelo e o que cada resultado sugere:
- Flamengo 1 x 0 Internacional — Clássico brasileiro tenso, decidido em detalhe. O Inter precisa virar um placar curto, e o Flamengo joga com a vantagem mínima.
- Palmeiras 4 x 0 Universitario (PER) — A atuação mais dominante das oitavas até aqui. O Verdão construiu um colchão que dá margem até para uma noite ruim na volta.
- Botafogo 1 x 0 LDU (EQU) — Vitória em casa e missão complicada na altitude de Quito. Série aberta, mas com o Botafogo em posição confortável.
- Atlético Nacional (COL) 0 x 0 São Paulo — Empate fora para o Tricolor, que leva a decisão para seus domínios com qualquer vitória simples valendo vaga.
- Fortaleza 0 x 0 Vélez Sarsfield (ARG) — No Castelão, ninguém saiu do zero. O retorno na Argentina promete um jogo mais exposto, porque o empate leva aos pênaltis.
- Cerro Porteño (PAR) 0 x 1 Estudiantes (ARG) — Resultado de ouro como visitante. Vantagem mínima, mas com peso psicológico forte para o jogo da volta.
- Libertad (PAR) 0 x 0 River Plate (ARG) — O River segurou fora e decide em casa. Qualquer triunfo basta; novo empate leva para as penalidades.
- Peñarol (URU) 1 x 0 Racing (ARG) — Clima de caldeirão em Montevidéu e vantagem aurinegra. O Racing terá de correr atrás diante da sua torcida.
Com esses placares, cinco times chegam em vantagem: Flamengo, Peñarol, Estudiantes, Palmeiras e Botafogo. Três duelos ficaram totalmente abertos por causa do 0 a 0: Atlético Nacional x São Paulo, Fortaleza x Vélez e Libertad x River Plate.
Cenários, regulamento e agenda da volta
Sem gol qualificado. Desde 2021, a CONMEBOL aboliu o critério do gol fora de casa. Na prática, isso muda a estratégia: segurar 0 a 0 fora é ótimo, mas empatar a volta, mesmo com gols, não ajuda. Se der igualdade no placar agregado após os 180 minutos, a decisão vai direto para os pênaltis (sem prorrogação até a final).
O mando da volta é definido pela campanha na fase de grupos. Quem pontuou mais decide em casa, o que costuma pesar quando a série está curta. Também contam muito os detalhes: cartões que viram suspensão, desgaste de viagem (Quito tem altitude que cobra do físico), gramados diferentes e a gestão do elenco no meio do calendário nacional. O VAR segue em todas as partidas do mata-mata.
Datas: os jogos de volta estão marcados entre 19 e 21 de agosto de 2025, logo após a janela do Mundial de Clubes. Em seguida, a competição dispara para as quartas. A final será em 29 de novembro, em Lima, cidade que já recebeu a decisão de 2019 em jogo único.
Distribuição por países nas oitavas: Brasil (5) — Flamengo, Palmeiras, Botafogo, São Paulo e Fortaleza; Argentina (4) — River Plate, Estudiantes, Racing e Vélez; Paraguai (2) — Libertad e Cerro Porteño; Peru (1) — Universitario; Equador (1) — LDU; Colômbia (1) — Atlético Nacional; Uruguai (1) — Peñarol. É uma fotografia da força regional, mas também da paridade: seis dos oito jogos ficaram em margem de um gol ou menos.
O que cada confronto exige na volta:
- Flamengo x Internacional — Flamengo avança com nova vitória ou empate. Inter precisa vencer por um gol para levar aos pênaltis; por dois ou mais para reverter a série.
- Palmeiras x Universitario — Palmeiras pode perder por até três gols e ainda se classifica. Se o Universitario vencer por quatro de diferença sem sofrer gols, a decisão vai para os pênaltis; uma vantagem maior vira a série.
- LDU x Botafogo — Botafogo joga pela vitória ou empate. LDU precisa ganhar por um gol para forçar pênaltis; por dois ou mais para avançar.
- São Paulo x Atlético Nacional — Qualquer vitória classifica quem vencer. Novo empate leva direto aos pênaltis.
- Vélez x Fortaleza — Mesmo cenário: vitória simples define; empate de novo, pênaltis.
- Estudiantes x Cerro Porteño — Estudiantes avança com vitória ou empate. O Cerro precisa de um gol de diferença para pênaltis; dois ou mais para passar.
- River Plate x Libertad — River se classifica com qualquer vitória. Empate, de novo, leva a decisão às penalidades.
- Racing x Peñarol — Peñarol segue com empate ou vitória. Racing precisa ganhar por um gol para levar aos pênaltis; por dois ou mais para virar.
O desenho das quartas depende só desses 90 minutos finais. Em chaveamentos assim, bola parada e controle emocional decidem. Times que saem na frente cedo tendem a baixar o ritmo e proteger a vantagem; quem corre atrás precisa acelerar sem abrir demais o campo. É o tipo de cenário em que um erro individual, um pênalti infantil ou um escanteio bem batido pesam tanto quanto um golaço.
Para os brasileiros, o pacote é variado: Palmeiras com margem larga; Flamengo, Botafogo e Inter em duelo nacional afiado; São Paulo e Fortaleza com igualdade total; e viagens duras no horizonte. Entre os argentinos, River e Estudiantes voltam com a faca e o queijo na mão, Racing está pressionado e o Vélez joga a vida em casa. Paraguaios (Cerro e Libertad) precisam subir o nível ofensivo, enquanto Peñarol, LDU e Universitario miram a partida perfeita para viradas que ficam na história da competição.
Vale lembrar: a Libertadores costuma punir quem desperdiça chances. A ida mostrou que pouca coisa separa a maioria dos confrontos. A volta promete arquibancadas cheias, maratona de nervos e um funil que, ao final de agosto, vai entregar os oito nomes que seguem em frente rumo a Lima.