Flamengo estreia no Mundial de Clubes com 2 a 0 sobre o Espérance em Filadélfia

Flamengo estreia no Mundial de Clubes com 2 a 0 sobre o Espérance em Filadélfia

Estreia segura em Filadélfia

Dois chutes precisos, muito controle de bola e um recado claro: o Flamengo foi superior na estreia do Mundial de Clubes 2025. Em Filadélfia, na noite de segunda-feira, 16 de junho, o time brasileiro venceu o Espérance Sportive de Tunis por 2 a 0 e largou com moral no Grupo D.

O início foi do jeito que a torcida gosta: time encorpado, paciente e confiante com a bola. Aos 17 minutos, Giorgian de Arrascaeta, camisa 10, apareceu entre linhas, ajeitou o corpo e finalizou com categoria para abrir o placar. A jogada sintetizou o que seria o primeiro tempo: movimentação coordenada do trio ofensivo e apoio constante dos laterais, empurrando o adversário para o próprio campo.

Pedro, Luiz Araújo e Arrascaeta alternaram posições e incomodaram a defesa tunisiana, que teve dificuldade para fechar os lados. Pela esquerda, Ayrton Lucas deu amplitude e acelerou a recuperação da bola; pela direita, Guillermo Varela sustentou o corredor e foi opção para a inversão de jogo. Quando o Espérance tentou subir linhas, Erick Pulgar e Gerson deram o bote, recuperando a posse e iniciando as construções com passes verticais.

Do outro lado, o Espérance se viu preso entre defender baixo e não permitir o espaço entrelinhas. O goleiro Den Said trabalhou mais do que gostaria no primeiro tempo, especialmente em chutes de média distância e cruzamentos direcionados a Pedro, que brigou bem nas disputas aéreas. Agustín Rossi, no gol rubro-negro, fez uma noite tranquila, com intervenções seguras em bolas cruzadas e um chute rasteiro no fim da etapa.

Depois do intervalo, o cenário mudou pouco. O Flamengo manteve a posse e circulou o jogo, esperando o momento certo. Aos 70 minutos, saiu o golpe que definiu a partida: Luiz Araújo recebeu na entrada da área, trouxe para o pé esquerdo e emendou um voleio cheio de força. A bola saiu reta e rápida, indefensável para Den Said. Golaço e 2 a 0 no placar, resultado da insistência e da repetição das mesmas conexões ofensivas construídas desde os primeiros minutos.

Sem se desorganizar, a equipe administrou a vantagem e ainda encontrou brechas para contra-atacar. O Espérance tentou acelerar com passes longos e diagonais para abrir a defesa brasileira, mas bateu na boa leitura dos zagueiros Léo Pereira e Léo Ortiz, firmes no tempo de bola e na cobertura. O meio continuou compacto, fechando as linhas de passe e forçando o rival a arriscar de fora da área.

Tática, destaques e próximos passos

Taticamente, o Flamengo mostrou uma base com quatro homens na defesa e um meio que alternou funções sem perder forma. Pulgar foi o ponto de equilíbrio, Gerson sustentou as conduções e quebrou linhas no drible curto, Jorginho deu cadência e Arrascaeta se movimentou entre os volantes rivais, atraindo marcação e liberando Pedro e Araújo para receber de frente. A leitura de espaços foi o grande trunfo, junto da paciência para girar a bola até o lado mais vulnerável do Espérance.

Nos duelos individuais, Ayrton Lucas venceu a maioria no seu corredor e empurrou o jogo para o terço final. Varela, por sua vez, escolheu bem quando apoiar e quando segurar a posição para evitar transições. Na frente, Pedro prendeu zagueiros e abriu caminho para as infiltrações; Luiz Araújo, além do golaço, levou perigo sempre que ajeitou para o pé esquerdo.

Com a vantagem no placar, o técnico Paulo Sousa usou bem o banco e rodou a equipe no segundo tempo. As trocas mantiveram a intensidade, seguraram a posse e ainda deram ritmo a peças importantes para a sequência da fase de grupos.

Escalação inicial do Flamengo

  • Agustín Rossi; Guillermo Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira, Ayrton Lucas;
  • Erick Pulgar, Gerson, Jorginho, Giorgian de Arrascaeta;
  • Luiz Araújo e Pedro.

Substituições no segundo tempo

  • Michael Delgado no lugar de Arrascaeta;
  • Allan na vaga de Jorginho;
  • Bruno Henrique substituiu Pedro;
  • Everton entrou no lugar de Luiz Araújo;
  • Gonzalo Plata entrou na de Gerson.

Do lado tunisiano, a tentativa foi travar o jogo por dentro e acelerar pelos flancos quando recuperava a bola. Faltou profundidade para explorar as costas dos laterais brasileiros e, sobretudo, capricho no último passe. Quando o Espérance conseguiu engatar transições, o Flamengo fechou rápido os espaços, cortou linhas e recomeçou a construção sem afobação.

O peso da estreia também conta. Em torneios curtos e com margem reduzida de erro, quem impõe ritmo e evita o jogo franco geralmente colhe o resultado. O Flamengo fez exatamente isso: controlou posse, alternou velocidade, atacou com cinco e defendeu com dois blocos compactos. E quando precisou acelerar, tinha peça para desequilibrar no último terço.

O resultado deixa o time brasileiro bem posicionado no Grupo D para as duas partidas seguintes. A tendência é que a equipe encontre cenários diferentes: rivais que podem baixar linhas ainda mais ou tentar pressionar a saída. A resposta até aqui foi madura: acelerar quando há espaço, cadenciar quando o adversário recua, não perder a referência de ocupação de área e manter a segunda bola como prioridade para sufocar o oponente.

Além do campo, o torneio também mexe com bastidores. A competição, disputada entre 14 de junho e 13 de julho, tem transmissão global da DAZN, com promessa de jogos liberados gratuitamente na plataforma. Nos Estados Unidos, um movimento paralelo chamou atenção às vésperas do Mundial: jogadores da MLS fecharam acordo com a liga para aumentar a fatia de premiação distribuída pelo torneio, tema confirmado por fontes à ESPN. É um sinal de como a competição ganhou valor comercial e esportivo, com impacto direto para clubes e atletas.

Para o Flamengo, a vitória vale mais que três pontos na conta emocional. Dá lastro para Paulo Sousa ajustar detalhes sem a urgência do resultado imediato, fortalece lideranças técnicas — Arrascaeta em mais uma noite decisiva, Araújo resolvendo no chute forte — e amplia a confiança do elenco. Em jogos de fase de grupos, a diferença entre classificação tranquila e sufoco na rodada final costuma estar na estreia. O Rubro-Negro tratou de construir essa margem.

A sequência pede atenção a dois fatores: gestão de minutos e manutenção da concentração. Com calendário apertado e deslocamentos, controlar carga de trabalho vira tão importante quanto acertar a bola parada. O desempenho em Filadélfia mostrou que há repertório para adaptar o plano: posse sustentada, triangulações pelos lados, inversões rápidas e chegada dos meias à área. Se repetir a execução e calibrar a pontaria, a equipe entra forte nas próximas decisões do Grupo D.