FIFA celebra 50 anos da Copa de 1970 com lances restaurados e homenagem ao tri brasileiro

FIFA celebra 50 anos da Copa de 1970 com lances restaurados e homenagem ao tri brasileiro

A FIFA acendeu as luzes do passado em 16 de julho de 2020, lançando uma celebração de 11 dias para marcar meio século da Copa do Mundo de 1970México — o torneio que não só consagrou o Brasil como tricampeão mundial, mas também redefiniu o que era possível no futebol. A final, onde o Brasil venceu a Itália por 4 a 1 em 21 de junho de 1970, não foi apenas um jogo: foi um manifesto de beleza, técnica e gênio coletivo. E agora, exatamente 50 anos depois, a entidade mais poderosa do esporte quer que as novas gerações sintam o mesmo arrepio que os torcedores sentiram naquela tarde de verão no Estádio Azteca.

O legado que não envelhece

A campanha da FIFA não foi apenas uma homenagem nostálgica. Foi um ato de ressurreição digital. Usando IA e restauração de vídeo em 4K, os lances mais icônicos — como o gol de Pelé contra a Itália, o drible de Gerson Monteiro dos Santos na intermediária, ou a assistência de Rivellino para Jairzinho — foram recriados com sons modernos, ângulos em câmera lenta e até efeitos de som que não existiam na época. A ideia? Fazer com que um jovem de 18 anos, que nunca viu um jogo em preto e branco, sinta o mesmo frio na espinha que o avô sentiu ao ver Pelé saltar como um pássaro e cabecear o segundo gol.

As redes sociais da FIFA viraram um museu interativo. As capas de perfil trocaram os logotipos atuais pelo símbolo da Copa do México, com uma foto icônica de Pelé usando um sombreiro mexicano, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar um presente. Mas a homenagem não foi só ao Brasil. A entidade também lembrou do goleiro uruguaio Ladislao Mazurkiewicz, eleito o melhor da competição, que quase foi vitima de um gol de Pelé na semifinal — um lance tão perfeito que até o próprio goleiro admitiu, anos depois: "Eu não tinha chance. Só pude tentar olhar para o céu enquanto a bola passava".

Marrocos e a revolução africana

Ninguém esperava que o grande marco daquele Mundial, além do tri brasileiro, fosse um empate. Mas foi exatamente isso que aconteceu em 16 de junho de 1970, em León: Marrocos empatou em 1 a 1 com a Bulgária. Foi o primeiro ponto da história da África em Copas do Mundo. Um simples empate, mas que abriu portas. Hoje, a África tem seis vagas garantidas na Copa. Em 1970, tinha apenas uma. E foi esse empate que fez a FIFA olhar para o continente com outros olhos. "Foi o primeiro sinal de que o futebol não era só europeu ou sul-americano", disse o historiador Abdel Rahman, em entrevista ao site oficial da entidade. "Marrocos provou que o talento não tem fronteiras. Só precisa de uma chance."

A semifinal que ninguém esquece

A semifinal que ninguém esquece

Se a final foi poesia, a semifinal entre Alemanha Ocidental e Itália foi caos controlado. Cinco gols. Três viradas. Um capitão alemão, Franz Beckenbauer, jogando com o ombro deslocado. E no último minuto do tempo normal, Karl-Heinz Schnellinger marcou o empate 3 a 3, levando o jogo para a prorrogação. O estádio em Guadalajara gritava como se fosse o fim do mundo. A Itália venceu por 4 a 3, mas perdeu algo maior: a chance de se tornar campeã. "Foi o jogo mais intenso que já vi. Não parecia futebol. Parecia guerra com bola", contou o jornalista italiano Luca Mancini, que cobriu o jogo aos 19 anos.

México: o país que mudou o mapa do futebol

A escolha do México como sede em 1970 foi uma revolução. Antes disso, todas as Copas tinham sido realizadas na Europa ou na América do Sul. O país, que sediara os Jogos Olímpicos de 1968, já tinha infraestrutura, estádios modernos e uma cultura de acolhimento. Mas foi a pressão do então líder mexicano Guillermo Cañedo que convenceu a FIFA. "Ele não pediu. Ele exigiu. E ganhou", disse o ex-secretário-geral da entidade, João Havelange, em memórias publicadas em 2005.

Agora, em 2026, o México será o primeiro país a sediar três Copas — juntamente com os Estados Unidos e o Canadá. Um feito que ninguém imaginava em 1970. Mas o legado daquele Mundial foi exatamente esse: mostrar que o futebol pode — e deve — ser global.

O que vem depois?

O que vem depois?

A retransmissão completa da final Brasil 4 x 1 Itália, marcada para 21 de julho de 2020, às 16h (horário de Cidade do México), será transmitida em 170 países. A FIFA também lançou um aplicativo interativo onde os usuários podem escolher entre ver o jogo na versão original ou com a nova restauração digital. E não é só isso: jogadores atuais como Neymar e Vinícius Júnior apareceram em vídeos curtos usando camisas retrô da seleção de 1970, imitando os gestos de Pelé e Gerson.

"Isso não é só nostalgia. É educação", diz Roberto César, professor de história do esporte na Universidade de São Paulo. "A nova geração precisa entender que o futebol não começou com TikTok e VAR. Ele começou com coragem, com arte, com o peso de uma camisa e com o sonho de um país inteiro. A Copa de 1970 foi o primeiro grande show global do esporte. E ainda hoje, ela é a referência."

Frequently Asked Questions

Por que a Copa de 1970 é considerada a mais importante da história?

Porque foi a primeira realizada fora da Europa e da América do Sul, inaugurando a era global do futebol. Além disso, introduziu a transmissão em cores, o uso de cartões amarelo e vermelho, e apresentou o melhor time da história: o Brasil de Pelé, Gerson, Rivellino e Jairzinho. Seu impacto cultural e técnico ainda é referência hoje.

Como a FIFA modernizou os lances históricos?

Usando inteligência artificial para restaurar vídeos em 4K, corrigir cores, suavizar movimentos e adicionar sons ambientes reais como gritos da torcida e o som da bola batendo no chão. Os ângulos foram recriados com câmeras virtuais, como se tivessem sido filmados hoje, mantendo a autenticidade da jogada original.

Quem foi o jogador mais importante da Copa de 1970?

Pelé foi o centro do show, mas Gerson, o maestro, foi eleito pela FIFA como o melhor jogador da final. Ele controlava o ritmo, distribuía passes precisos e marcou o segundo gol da final contra a Itália. Muitos especialistas consideram que, sem Gerson, o Brasil não teria tido o mesmo domínio.

Por que o México foi escolhido para sediar a Copa de 1970?

Por causa da infraestrutura deixada pelos Jogos Olímpicos de 1968, que incluiu estádios modernos, transporte público e instalações de TV. Além disso, o presidente mexicano Guillermo Cañedo fez uma campanha intensa, garantindo que o país teria capacidade de acolher 16 seleções com segurança e qualidade.

O que Marrocos conquistou na Copa de 1970 que mudou o futebol africano?

Marrocos se tornou a primeira seleção africana a conquistar um ponto em uma Copa do Mundo, com um empate 1 a 1 contra a Bulgária. Esse resultado forçou a FIFA a reconhecer o potencial do continente, abrindo caminho para mais vagas e investimentos. Hoje, a África tem seis representantes na Copa — um legado direto desse empate.

Por que a final de 1970 ainda é tão reverenciada hoje?

Porque foi a última vez que um time venceu uma final com tanta elegância e dominância. O Brasil não apenas venceu — deslumbrou. Sem VAR, sem jogadores de elite em clubes europeus, sem marketing massivo. Apenas talento puro, coletivo e coragem. É o que todos os times querem ser, mas ninguém conseguiu repetir.

1 Comments

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    Andrea Silva

    novembro 16, 2025 AT 17:26

    Que memória linda esse time de 70
    Eu não vi ao vivo mas meu pai me mostrou os vídeos toda vez que eu perguntava como era jogar futebol de verdade
    Naquele tempo não tinha VAR, não tinha redes sociais, só talento puro e paixão
    Hoje todo mundo quer ser rápido, mas ninguém mais sabe parar e pensar no jogo
    É isso que falta hoje, a alma do futebol
    Essa restauração da FIFA não é só técnica, é espiritual
    É como se o passado estivesse nos abraçando de novo
    Quem não sentiu isso quando viu Pelé saltar? Ninguém
    Esse time não jogava, ele dançava com a bola
    Eu choro só de ouvir o som da torcida no Azteca
    Meu avô dizia que aquele gol dele foi o momento em que o mundo parou
    Eu acho que ele tinha razão
    Hoje o futebol vende, mas naquele tempo ele emocionava
    Se o Brasil tivesse feito isso hoje, todo mundo diria que era fake
    Mas não era, era real
    É por isso que 1970 nunca morre
    É o futebol sendo futebol
    É a arte sem filtro

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