Quando Chico Anysio, comediante revelou na série documental Chico Anysio: Um homem à procura de um personagem da Globoplay que estreou em 25 de junho de 2024, ficou claro que o nome que ecoa nas casas brasileiras foi um golpe de mestre de Carlos Manga. O humorista, nascido em Maranguape, Ceará, em 12 de abril de 1931, só se tornou "Chico" em 1962, quando o Chico Anysio Show ganhou as telas da TV Rio. A mudança, que parecia simples, acabou moldando uma das carreiras mais prolíficas da comédia nacional.
Como tudo começou: a parceria entre Chico e Manga
Na década de 60, a televisão carioca ainda engatinhava. Chico, então recém‑chegado ao Rio de Janeiro, buscava uma oportunidade para levar seu humor ao grande público. Foi então que convidou o diretor Carlos Manga para trabalhar em seu programa. Manga, já conhecido por criar títulos curtos e de impacto, sugeriu que "Francisco Anysio Show" era “muito grande”. “Não vamos botar Francisco Anysio Show que é muito grande. Vamos botar Chico Anysio Show que soa melhor”, teria dito.
O que parece uma decisão de marketing acabou se tornando um marco cultural. A partir daquele dia, até a mãe de Chico passou a chamá‑lo “Chico”. O nome pegou, e o público seguiu o líder.
Do rádio à televisão: a trajetória de um criador de personagens
Antes de brilhar na TV Rio, Chico já fazia sucesso nas ondas da Rádio Guanabara. Aos 17 anos, tentou a vaga de locutor e ficou em segundo lugar – o primeiro lugar foi para Silvio Santos, outro futuro ícone da mídia brasileira.
Nos anos 50, ele passou por estações como Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil, onde desenvolveu a habilidade de improvisar e criar personagens rapidamente. Essa prática diária no rádio foi a base para os mais de 200 personagens que ele inventaria ao longo da carreira, entre eles o inesquecível Professor Raimundo, que estreou no programa Noites Cariocas da TV Rio.
O legado musical de Chico Anysio
Além das piadas, Chico tinha um lado melódico. Compôs várias canções que foram gravadas por nomes como Alcione, Elis Regina, Jair Rodrigues, Emílio Santiago, Dolores Duran e Maysa. Entre os sucessos, destaca‑se "Não Se Avexe Não" (baião, 1955), co‑escrita com Haydée de Paula, e "De Quem É Essa Morena" (samba, 1980), parceria com Benito Di Paula.
A diversidade de talentos fez de Chico um artista completo, capaz de transitar entre humor, música e rádio com a mesma naturalidade de quem troca de roupa pela manhã.

Reações ao documentário: o que o público e críticos disseram
A estreia de Chico Anysio: Um homem à procura de um personagem gerou debates nas redes sociais. Muitos usuários elogiaram a forma como a série humaniza um ícone, mostrando que o nome “Chico” foi, antes de tudo, uma estratégia bem‑pensada de Carlos Manga. Outros ressaltaram a importância de revisitar a história da televisão brasileira, lembrando que, sem a parceria entre os dois, talvez o humorista nunca tivesse revolucionado a comédia do país.
Críticos de jornalismo cultural destacaram a qualidade da produção da Globoplay, que investiu em arquivo nunca antes exibido, entrevistas com familiares e colegas de trabalho, e ainda trouxe à tona curiosidades como o fato de que a primeira gravação de Chico na TV Rio foi feita em um estúdio improvisado, com iluminação de lâmpadas de rua.
Impacto cultural do nome "Chico" no Brasil
O nome "Chico Anysio" virou sinônimo de criatividade popular. Expressões como “fazer um Chico” ainda circulam nas rodas de amigos quando alguém improvisa um personagem na mesa de bar. A escolha de Manga, portanto, não foi apenas prática; foi uma semente que germinou em todo o imaginário brasileiro.
Ao longo dos anos, artistas como Renato Aragão, Marcelo Serrado e Rodrigo Santoro citaram Chico como referência de como construir e manter múltiplas identidades artísticas. Até hoje, escolas de artes cênicas estudam seus personagens como estudo de caso de construção de persona.

Próximos passos para a série e o legado de Chico
A série documental tem mais duas temporadas programadas, prometendo explorar, entre outras coisas, a relação de Chico com a música e a influência que ele exerceu sobre a comédia stand‑up moderna. Enquanto isso, o acervo da família está sendo digitalizado, o que pode render novos episódios e, quem sabe, um livro de memórias ainda não lançado.
Fatos principais
- Nome de palco alterado de Francisco Anysio para Chico Anysio por Carlos Manga em 1962.
- Documentário Chico Anysio: Um homem à procura de um personagem estreou em 25/06/2024 na Globoplay.
- Chico nasceu em Maranguape, Ceará, e mudou‑se para Rio de Janeiro aos oito anos.
- Criou mais de 200 personagens, entre eles o Professor Raimundo.
- Além da comédia, compôs músicas gravadas por Alcione, Elis Regina e outros.
Perguntas Frequentes
Por que Carlos Manga mudou o nome de Francisco Anysio?
Manga achou que “Francisco Anysio Show” era longo demais para a TV da época. Ele sugeriu “Chico Anysio Show” porque soava mais leve e fácil de lembrar, o que acabou ajudando a fixar a marca do humorista na mente do público.
Qual a importância da série para a memória cultural do Brasil?
A produção da Globoplay reúne arquivos inéditos, depoimentos de familiares e colegas, revelando detalhes pouco conhecidos. Isso amplia a compreensão do papel de Chico na consolidação da televisão e da comédia nacional.
Quantos personagens Chico Anysio criou ao longo da carreira?
Ele chegou a criar mais de 200 personagens, cobrindo desde professores de escola até políticos satíricos, o que evidencia sua versatilidade e capacidade de observar a sociedade.
Como a mudança de nome afetou a vida pessoal de Chico?
O novo apelido entrou até nas conversas familiares; sua mãe passou a chamá‑lo Chico. Essa aceitação precoce ajudou a consolidar a identidade pública e privada do humorista.
A série abordará o trabalho musical de Chico Anysio?
Sim. Um dos episódios da segunda temporada deve explorar as composições que tiveram interpretações de artistas como Alcione e Elis Regina, mostrando outra faceta do talento de Chico.
Verônica Barbosa
outubro 8, 2025 AT 02:41Carlos Manga acertou ao reduzir o nome para ‘Chico’, tornando‑o inesquecível.